Já no ínicio do dia uma mudança de planos

Descemos para o café no Catalinas Suites. O cardápio era sempre o mesmo, mas até que as opções não eram tão ruins. Presunto, queijo, pães variados, sucos, chás, café, medialunas, sachês de dulce de leche em abundância, manteiga, salada de frutas e outras coisas mais. Fomos para a rua arrumar um taxi para seguirmos ao bairro La Boca. Nenhum taxi parava para nós. Chamamos vários e estavam todos ocupados. Fomos até uma avenida próxima e nada disponível. Então voltamos ao hotel e pedimos ajuda ao rapaz da recepção, que inclusive entendia e falava um potuguês muito bom e sabia até diferenciar nossos sotaques regionais. Ele foi até a porta e lá vinha mais um taxi. ele fez sinal e o veículo parou.Será que não sabemos nem pedir um taxi? Na verdade é normal, não há segredo, só estavam mesmo ocupados os que chamamos.  

Tentativa de golpe 
Pedimos então que ele nos levasse até o Caminito. A resposta foi que a passagem até o caminito não estaria disponível porque estava acontecendo uma maratona da adidas. Então ele começou a nos dar várias outras opções de lugares. Eu sugeri então irmos a Recoleta e depois do 12h retornarmos aos nossos planos. Assim fomos ao bairro  Recoleta. Ele nos deixou em frente ao Design Center. A corrida foi $15 . Marco ficou no carro para pagar e todos nós saimos. Primeiro ato falho. Deveríamos ter permanecido para qualquer eventualidade. Ele pagou com uma nota de $20 e o taxista o devolveu o troco de $5. Marco tirou todo o seu dinheiro que carregava ali no momento para guardar o troco. Segundo ato falho. Nunca mostre o que você tem. O taxista muito esperto e ligeiro levou a mão a uma nota de cem e começou a mostrar ao nosso amigo como se verificava uma nota falsa na Argentina. Nesse processo ele trocou a nota de cem por uma de dois que já estava preparada no banco do passageiro. Marco disse ter percebido a troca porque ele ainda nao tinha nenhuma nota pequena, não havia ainda trocado seu dinheiro. As únicas notas que possuia eram as de cem e a de 20 a qual pagou o taxista. Então ele retrucou dizendo: "Você pegou uma nota de cem minha e me devolveu essa de dois". O cara ainda se fez de bobo. Mas Marco insistiu: "Essa nota ai que você jogou é minha, e essa é sua." E então trocaram as notas. E o taxista fez-se de desentendido se desculpando. Na Argentina, principalmente em Buenos Aires é bom ficar bem atento com os golpes. Vou pesquisar mais a respeito e postarei em breve uma lista de golpes para que fiquem bem atentos. 

Recoleta: Cementerio, Basílica Nuestra Senõra del Pilar e la Floralis Genérica
Bom, na verdade o bairro oferece muito mais que isso. Mas foram os lugares em que mais passamos o tempo e que mais marcaram. Ainda oferecem a biblioteca Nacional, Centro Cultural, Museu Nacional de Belas Artes, Palais de Glace e a gloriosa Avenida Alvear e o Design Center. Começamos por este último, mas encontrava-se ainda fechado. Era bem cedo. Umas 9h da manhã ainda. Então seguimos por cima e chegamos a Basílica. É uma igreja muito simples por fora, mas que por dentro carrega riquíssimos altares e belissimas imagens. A igreja estava cheia de fiéis que acompanhavam a uma missa. Por isso não nos foi possível fotografar. Ficamos um pouco para a missa. Esta paróquia, que nos foi informada ser a mais antiga da cidade, tornou-se Monumento Histórico Nacional em 1942. Ela foi contruída por jesuítas em 1732 e possui uma arquitetura colonial das mais importantes. 


Seguimos para o cemitério. Ele foi contruído por monges frenciscano em 1822 e é um dos pontos turísticos da cidade não por desejos mórbidos dos turistas, mas sim pelo interesse que possuimos sob personagens históricos e pessoas famosas. Este é o mais aintigo cemitério da cidade onde descansam presidentes, militares e grandes nomes da  história argentina. A maioria dos turistas buscam pelo túmulo da família Duarte que é onde está o corpo da Evita. Há também muitas imagens belas de anjos, bustos, e representações de acordo com a história da família ou daquela pessoa ali enterrada. O cemitério é repleto de histórias chocantes e lendas. Os caixões não são enterrados, eles ficam dispostos um sobre os outros dentro de pequenos mausoléus. Separados por famílias ou como já disse, de acordo com suas participações na história do país. São, na maioria, belos mausoléus com lindas imagens representativas do lado de fora. Há uma dessas em uma das esquinas do cemetério, de uma menina abrindo uma porta. É uma imagem tocante e a garota que se encontra ali também possui uma história (ou lenda) chocante, contada pelos guias locais. Trata-se de uma garota que o namorado, envolvido com a mãe dela, lhes davam uma substância que causava catalepsia, com a finalidade de fazer a garota dormir para que eles pudessem ficar juntos. Um dia, a menina, encontrada sob o efeito do remédio, foi dada como morta. A avó sonhou que sua neta vivia e pediu que abrissem seu túmulo. Assim feito foi descoberto arranhões pelo corpo, rosto e caixão. O que levou a avó a construir este túmulo no cemetério da Recoleta com tal imagem da sua neta abrindo uma porta.

Saimos dali, passamos pela praça França e seguimos para a direção da Universidade onde fica a Floralis Genérica bem ao lado. É um monumento novo na cidade, de 2002. Trata-se de uma flor mecânica que se abre durante o dia e fecha pela noite. É toda feita de aço e alumínio e possui 20 metros de altura e seis pétalas. Ela foi doada pelo arquiteto Eduardo Catalano. É um tanto bonita, infelizmente não tive oportunidade de vê-la durante a noite. Fotografamos e descansamos por ali alguns minutos. Esperávamos o Design Center abrir, assim concretizado, seguimos para lá. Realmente é um lugar muito interessante. Funciona como um shopping cheio de lojas de objetos para casa. Tudo sobre decoração. Infelizmente não tem como trazer tudo para casa, mas vontade dá. Fomos até uma padaria próxima e compramos água e trocamos um pouco do dinheiro para evitar qualquer outra tentativa de golpe. Pegamos mais um taxi para voltarmos aos nossos planos. E lá fomos nós a caminho de El Caminito, em La Boca. 

Um bairro nas mãos e principalmente nas cores de um pintor
La Boca sempre foi um bairro decadente, ainda mais por ser portuário. Aqueles típicos locais de cortiços, de trabalhadores imigrantes, prostituição e tudo mais. Até que uma figura importante surge para transformar a vida daquele lugar marginal. É o pintor Quinquela Martín, o criador do que hoje é um  dos cartões-postais mais visitado da cidade: o caminito. Pinturas, murais esculturas, esse pintor, junto com outros amigos, trouxe a cor e a vida para o local. O caminito é uma rua de 100 metros considerada um museu a céu aberto. É um lugar quente. Ao meu olhar é o melhor ponto de Buenos Aires. Se um dia voltar, quero poder tirar um dia inteirinho para sentar em uma das mesas dos vários restaurantes tradicionais que compõem a rua e passar a tarde toda tomando um vinho argentino, ouvindo milonga e assistindo a belas coreografias de tango. Comprar artesanatos locais sempre seguindo as cores e a formatação marcante do lugar. Até mesmo as letras de anúncios e nomes são característicos e típicos. Como não poderia deixar, comprei dois pôsteres, um da esquina do caminito, e outro de Carlos Gardel. Nos divertimos por ali, forotografei muito e me apaixonei pelo lugar. Mas que fique um conselho, evite andar fora do caminho turístico do bairro, pode não ser muito tranquilo e te render algumas dores de cabeça.

Próxima parada: estádio Alberto José Armando, La bombonera. O nome ao qual é conhecido o estádio do Boca é devido ao seu formato de caixa de bombons. Dentro do estádio reserva um museu do time. Museo de la Pasión Boquense. É bem legal, recomendo a visita completa tanto ao estádio quanto ao museu. Alexandre porém, saiu do estádio dizendo que perdoou todas as derrotas de seu time ali. É pequeno o campo e a torcida fica bem colada. É muito proximo, realmente. A pressão não deve ser fácil. Eu procurei por um casaco feminino do Boca tanto para mim quanto para uma amiga que havia encomendado.Mas nada satisfatório e nem por bons preços. Não tivemos muita sorte com compras. Bom, o hotário de funcionamento é de 10 às 19h, sendo que a bilheteria fecha as 18h. Pois bem, vamos ao preço. Apenas $25 por pessoa a visita para o estádio e museu.

As antiguidades do bairro San Telmo
Pulamos o Parque Lezama. Mais uma vez um taxista interferiu e nos influenciou a não descermos no parque pois não haveria nada a se fazer. Eu ainda era minoria. Ficamos então sem ir a Igreja Ortodoxa Russa que fica nesta praça. Então seguimos direto para a feira de San Telmo que acontece aos domingos. Na verdade, é mais alguns quarteirões também bem calorosos como o bairro La Boca, com lojas que vendem antiguidades bem interessantes e muito bonitas para quem gosta do estilo. Eu adoro! As ruas fervem. Encontramos um grupo que tocava ali na rua um pouco de Tango e Milonga. Muito legal. Eles vendiam o CD por $25. A Tati, nossa companheira de viagem, comprou um. Com certeza iremos copiar (risos). Ok! O estilo de música acaba agradando. Você se acostuma com a batida e não tem como não gostar. Eu estou louca para adquirir um CD com os mais populares e famosos sons do tango argentino.

Neste momento já estávamos corrompidos pela fome. Só pensávamos em encontrar algum lugar para comer e degustar um bom vinho argentino. Em uma das esquinas movimentadas uma jovem garota nos parou com panfletos de um restaurante e nos convidou a ir lá. Nos explicou sobre a Parrilla que vinha impressa no folheto e disse que era composta por miúdos. Nos alertou que a ela não agradava o prato, mas que muitos turistas experimentavam. Preferimos, naquele momento de muita fome, não arriscar. Ela nos levou até o Antigua Tasca de Cuchilleros em que pedimos massa. Alexandre e eu optamos por um vinho branco chamado San Felipe. Era da bodega La Rural da tradicional família italiana Rutini. Produzido em Mendoza. Eu simplesmente adorei esse vinho. Certeza que comprarei outro por aqui. Assim que descobrir o valor de um desses no Brasil informo aqui. Passamos por um café Havanna e seguimos pela rua movimentada. Neste momento fomos surpreendidos por uma festa muito gostosa. Era um batuque de rua, estilo Olodum, obviamente não dava nem para se comparar. Mas apenas um estilo. Era um batuque gostoso e bem brasileiro. As meninas tentavam sambar. Mas nada que chegue ao perto de nossas raízes também. Era vários pequenos grupos que andavam fazendo festa ao redor do quarteirão.

Passamos em uma das várias e famosa sorveteria Freddo para experimentar o consagrado sorvete de doce de leite. Uma casquinha por $12. É realmente muito gostoso, mas enjuativo, muito doce. Não vale a pena um tamanho grande. O menor já dá pra satisfazer e matar a curiosidade, acredito. Continuamos a caminhar e encontrar situações e artistas diversos de rua. Fantoches, menino que pinta com os pés, artesanatos, bijouterias, entre outros. Procurávamos pela Casa Mínima. É a menor fachada da cidade, são apenas 2,2 metros de uma construção do século 19. Era apenas para passar em frente e forotografar mesmo. A seguir procurávamos apenas o caminho para o hotel e seguimos para Puerto Madero que era a referência mais próxima. Passamos pela frente da Casa Rosada e tivemos a oportunidade de fotografá-la durante a noite. Voltamos a Puerto Madero passeando pelo porto até o Catalinas. Planejávamos sair novamente mas o cansaço não nos deu nem um pouco de disposição. Passamos o dia todo caminhando e era muito preciso descansar. O dia seguinte também seria bem corrido e todo feito a "viação canela". Buenas Noches!

Foto 1: Casa Rosada durante a noite, sede da presidência argentina
Foto 2: Cemitério da Recoleta, criado por monges fransciscanos
Foto 3: Floralis Generica, flor artificial do bairro Recoleta 
Foto 4: Esquina mais famosa do bairro La Boca, El caminito
Foto 5: Uma das virtines de antiguidades do bairro San Telmo

Foto 6: Vinho branco da Bodega La Rural, San Felipe, tomado em restaurante no bairro San Telmo

Comentários

Mônica Sousa disse…
Vou devorar esse seu post. Hj saiu 10 coisas imperdíveis para quem vai a Buenos Aires na Folha de São Paulo - catei pra mim. rs
Ah! coloquei seu blog no meu "Precisando de um Help". Assim qnd vc atualizar eu vou saber?
Bjs
ps: depois ve pra mim o que tem no seu guia novo (rsrs) para Buenos Aires...
Lilian disse…
Meu marido e eu fomos a Buenos Aires em outubro e também fomos golpeados por um taxista. Paguei a corrida com duas notas de 10 que tínhamos acabado de sacar e ele devolveu uma delas dizendo que era falsa. Obviamente, a nota que ele me devolveu não foi a que eu dei, mas a troca foi tão rápida que não percebemos. É curioso que, em geral, nos sentíamos seguros andando pelas ruas argentinas, mas bastava entrar num táxi para começarmos a desconfiar de tudo... hehehehe... É claro que isso não é rotina, encontramos alguns taxistas muitos legais...
O blog está ótimo!
Cristina Barroca disse…
Obrigada Lilian! Aaah! É que eu estou estudando para um concurso no dia 20 e estou um pouco sem tempo de atualizar com minhas histórias. Ainda vou chegar na pare emq ue me roubaram meu celular. Novissimo! Vacilo meu também. Mas a gente se sente segura até demais. E não deveria!

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