Florença: Capital da Toscana e berço da cultura renascente


Terra dos maiores artistas do Renascimento: o famoso pintor e principalmente grande inventor Leonardo da Vinci, a importante figura da arte, Michelangelo, e um dos maiores nomes da literatura, Dante Alighieri, nasceu também em Florença. Dentre outros nomes como  Botticelli e Giotto. 

Chegamos na cidade já com mapas em mãos e uma reserva de hostel. Como já disse, chegamos de trem com uma passagem que custou 15,8 EUR. A nossa reserva era no Hotel Genzianella localizado na via Cavour. Chegamos pela Stazione di Santa Maria Novella e nos parecia tranquilo seguir a pé até o hostel. O que nos pareceu não foi exatamente o que constatamos. As mochilas e o cansaço nos ofegava e a boca seca pelo calor insuportável da estação nos pedia água a cada esquina. Em toda Itália existe algumas fontes de água potável espalhada pelas ruas a qual você pode tranquila e seguramente abastecer suas garrafinhas e matar a sede com uma límpida água geladinha. Como senti falta dessas fontes por outros países!


Firenze também foi uma cidade que acabou nos fugindo de seguir nosso roteiro de monumenti. Dessa vez não por falta de tempo, mas pelos museus estarem abarrotados de turistas. As filas imensas não nos dava alternativa a não ser mudarmos nossos objetivos. Assim, deixamos para trás uma visita importantíssima para quem vai a Firenze, que é conhecer a Galeria degli Ufizzi. Assim como seu passado, Florença é uma cidade consideravelmente artística. Por todo lado se encontra uma obra importante, histórica e repleta de cultura. E todo canto também se encontra um artista que expõe, trabalha  e vende sua arte pelas ruas, assim como era feito antigamente. É bonito de se ver. 


Bom, voltando ao hostel; ele é confortável. Não havia banheiro no quarto, mas nós já esperávamos por isso, e o banheiro externo não era muito agradável. Pequeno e nem sempre se mantinha limpo e desocupado. Sendo assim, não recomendamos este albergue. É uma boa caminhada até o centro principal de Florença. No entanto, os staffs eram simpáticos e inclusive havia um senhor, um dos donos, que morou por dois anos no Rio de Janeiro e sorridente tentava trocar algumas palavras em português e nos pediu em um momento para conversarmos em nossa língua mesmo, que ele tentaria nos entender.  E é por esse balanço entre o positivo e negativo que não recomendo.


Começamos com um passeio singelo 
Era cedo ainda e passamos no hotel apenas para deixar nossas malas, acertar a prenotazione e trocar de roupa para conhecermos logo a cidade. Saimos a caminho da Piazza della Signoria, mas optamos por seguir um caminho não convencional para conhecermos outros lugares menos procurados. Passamos pela Piazza della Libertà, pegamos a Viale Spartaco Lavagnini e chegamos na Fortezza da Basso. É um belo lugar de características medievais, onde comportam eventos como reuniões, concertos e algumas atrações nacionais e internacionais. Naquele momento se encontrava fechado, mas fizemos algumas fotos. Saímos seguindo o mapa, rumo ao Duomo. Antes de conhecer a cidade eu já havia assistido a um documentário no History Chanel a respeito de Leonardo da Vinci, e incluía alguma história sobre a cidade de Florença, foi também o que a tornou mais atrativa. Por isso aconselho buscarem a pesquisar e conhecer melhor sobre os locais que visitarão. Eles se tornam mais interessante quando conhecemos sua história, personagens e cultura.

A Catedrale di Santa Maria del Fiore é muito charmosa. É bem diferente do que costumamos ver até mesmo pela Itália. Sua forma e principalmente sua fachada. Na cidade dos inventos importantes um deles foi pensado para colocar a lanterna da cúpula em seu lugar em 1461. Visitamos o interior do Duomo (não no dia em que chegamos, no segundo dia pela manhã bem cedo), porém não subimos por sua torre altíssima. É realmente esplêndido admirar o Duomo de Florença. Os turistas formam uma multidão ao redor. Digo que vale a pena visitar todos os Duomos, mesmo que você chegue a ter uma overdose de santidade ao final. Vale muito a pena.

Bom, continuando sobre o primeiro dia em Firenze, passamos pelo Duomo e seguimos para a Piazza della Singoria, onde é possível encontrar várias esculturas famosas ou cópias que foram substituída  devido ao seu valor e para melhor conservação. Entre estas está o David de Michelangelo e o Hércules e Caco de Baccio Bandinelli (um escultor muito criticado por sua ousadia). Ali nesta mesma praça é onde se localiza o Palazzo Vecchio que contém um museu em seu interior. Ao redor da Piazza encontram-se lojas e uma espécie de feira e também shows de vários artistas de rua. Muito interessante e divertido. Seguindo a frente já se vê a Galeria degli Ufizzi, infelizmente com uma fila de desanimar qualquer um. Em frente também uma fila de artistas pintando e expondo seus quadros em uma rua estreira que leva ao Rio Arno. Depois de desviar e quase pisar nas pinturas dispostas pelo chão chegamos ao Fiume Arno de onde já avistávamos a famosa Ponte Vecchio.


Fotografamos em frente a ponte e seguimos por uma rua um pouco mais estreira que a anterior até a entrada. A Ponte velha é um lugar comum onde se encontram várias lojas até mesmo de grife entre camelôs, sorveterias e vendedores de rua. Parece uma feira mista para todos os gostos. Tomamos um sorvete e compramos uma garrafa de água. Sentamos um pouco para descansar. Queríamos chegar a um jardim que havíamos visto no mapa. Parecia muito grande e interessante apesar de não ser o foco de turista da cidade. Faria bem mudar um pouco a visão que tivemos até o momento.  

Várias Histórias em um único Palácio 
Passamos por uma quitanda que era minúscula onde havia um atendente que se demostrava muito feliz com nossa visita. Ele tinha um visual hippie. Nos ouviu conversar e perguntou se éramos brasileiros. Confirmamos e então começou a nos contar sobre os anos que morou no Brasil visitando nossas praias. É muito gostoso ouvir estrangeiros falarem bem de nosso país e também por esse motivo nos tratar com simpatia, o que faz parecer que assim foram bem tratados quando por aqui estiveram. Como já lhes contei, ele vestiu uma luva e começou a dedilhar as frutas sem apertá-las (que é um hábito contrário e mal educado de nós brasileiros). Ele nos mostrava para escolhermos. Lavávamos as frutas nas fontes que encontrávamos pelas ruas. Chegamos em frente ao Palazzo Pitti em uma praça do mesmo nome.

Tiramos várias fotos e decidimos entrar. Não havia filas. O que nos fez pensar rápido. Compramos um biglieto integrato que incluíam visitas ao Giardino di Boboli, Galleria del Costume, Museo delle Porcellane e Giardino Bardini. Tudo por 10 EUR. O Palácio era residencia de um banqueiro de Florença em 1458, Luca Pitti. Várias outras famílias vieram a morar neste palácio em outros momentos históricos, inclusive os Médice, importante família florentina que originou sua riqueza no comércio têxtil. Outros grandes personagens da hitória de Florença residiram no local e assim ajudaram a modificá-lo até formar o que ele é hoje. No século XIX o palácio foi utilizado como base militar por Napoleão I e em seguida serviu como residência oficial aos reis italianos. Impressionante como um único palácio pode ter sustentado momentos distintos e guarda em seu interior várias marcas da História.

Dentro do Palazzo Pitti encontra-se exposições de obras de artistas importantes da renascença, assim como um gigantesco jardim com ainda algumas esculturas de figuras mitológicas, como uma fonte com o rosto da medusa. São várias etapas os jardins. Você sobe alguns degraus de escada e chega em um lago com fontes, mais alguns degraus e um jardim com novos formatos e novas paisagens. Mais alguns degraus e chega-se ao topo.Lá estão pequenos canteiros no centro cercado por muros baixos com uma característica rústica e uma vista maravilhosa ao redor. É onde também está o Casino del Cavaliere, uma casa que expõe as porcelanas da época. Árvores enormes e antigas. Lagos, e algumas esculturas e contruções em meio ao verde. Uma capela e um Anfiteatro.

Uma ótima lanchonete 
Na volta para o hostel sempre nos aventurávamos por ruas desconhecidas e na maioria estreitas. Queriamos descobrir cenários diferentes e desconhecidos. Entre uma dessas ruas, entre a Piazza della Signoria e o Duomo encontramos uma lanchonete com uma vitrine de fazer brilhar os olhos, ranger o estômago e babar a boca. Não me recordo o nome da lanchonete, foi um erro não anotar. Mas havia pizzas, paninis e calzones sensacionais. Eles esquentavam tudo num forno ali na hora. E o melhor de tudo, o preço era muito acessível. Um calzone era suficiente para duas pessoas. Enorme. E custava 2,5 EUR. Estava vazia e uma placa bem visível na entrada dizia que eles não cobravam para sentar. Então lá vamos nós para mais uma dica, ou melhor, neste caso, prefiro chamar de alerta. Cuidado! Na Itália, a maioria dos restaurantes e lanchonetes cobram a mais só para você se sentar no estabelecimento. Este "a mais" pode chegar a ser até 3 ou 4 vezes o valor do seu consumo. Por isso é comum se ver as pessoas comprarem e irem comer em parques e praças. Além do que, é bem divertido e gostoso esse hábito. Sou adepta dos que compram e sentam-se ao parque para comer tendo ao redor belas paisagens.



Conhecendo a vizinhança 
No dia seguinte pela manhã, bem cedo, foi quando visitamos o Duomo por dentro. E isso eu já descrevi a vocês. Não serei repetitiva. Saímos e fomos para uma banca montada bem ao lado com o intuito de adquirir um mapa de Pisa, porém o vendedor não quis nos vender. O diálogo foi mais oumenos assim:  

_"Buon Giorno! Senti, io vorrei una cartina di Pisa. Hai qui?" (Bom dia! Escuta, eu gostaria de um mapa de Pisa. Tem aqui?). 
_"Vedi. Ho una cartina di Firenze." (veja, tenho um mapa de Florença.)
_ "Grazie Signore, ma io ho la cartina di Firenze. Io cerco una cartina di Pisa." (Obrigada senhor, mas eu tenho o mapa de Florença. Eu procuro é um mapa de Pisa.)
_ Non Cè. Non Cé. Non hai niente a Pisa. Nessuno anda a Pisa. Cosa intende fare a Pisa? (Não existe. não existe. Não há nada em Pisa. Ninguem vai a Pisa. Que vai fazer em Pisa? 
  
Sentimos que algo fazíamos de errado e desistimos de comprar o mapa. Não sabíamos e até agora não podemos confirmar se ainda há alguma rivalidade entre as cidades de Pisa e Florença, assim como antigamente, em que traçaram muitas batalhas entre famílias por poderes. E são de batalhas armadas que eu falo. Guerras. Inclusive que Florença venceu. 

Compramos alguns paninis na nossa desoberta do dia anterior e fomos comer em uma nova praça que avistamos no mapa. Piazza della Republica. Quando entrávamos na  praça avistamos uma agitação. alguns angolanos correndo pelas calçados num ato brusco e muito ligeiro juntando artigos como bolsas, spatos e bijouterias pelo chão, envolto pelo saco que servia de toalha. Era como se estivesse no Brasil. Era a fiscalização que baixava no local. Nos assustamos, mas seguimos. Havia um carrocel iluminado no centro da praça. Nos sentamos no meio-fio ao lado de um estacionamento de bicicletas para comer. Em seguida fomos direto para a estação central. Era dia de visitar Pisa e Lucca (esta última apenas se desse tempo). dedicarei uma postagem para cada uma dessas cidades.


A despedida
Tomamos o café no hostel, conversamos com o senhor que morou no Rio de Janeiro e ele nos informou sobre onde tomar um ônibus até a estação central de Florença. Chegamos no ponto mas ainda pairava uma dúvida no ar. Como ou onde comprar o biglieto di autobus? Foi então que resolvemos perguntar a uma moça que também estava a aguardar na parada. "Che autobus prendo per Stazione Santa Maria Novella? E dov'è compro il biglieto?" Com alguma dificuldade no italiano ela nos respondeu que em bancas ou tabacarias vendia o bilhete. Então eu me virei para Alexandre e respondi e conversamos em português: "Eu vi uma tabacaria logo aqui atrás ao virar a esquina." E então a garota me cutuca o ombro e diz: "Vocês também são brasileiros?" Nós rimos bastante. Então ela disse que tinha dois bilhetes para o ônibus e que nos venderia ele. Logo em seguida chegou nosso ônibus, entramos e validamos obilhete na máquina que fica na porta traseira. Não existe um trocador para fiscalizar. Mas se algum fiscal entrar no ônibus e resolver conferir os bilhetes, e você não tiver validade, já sabem: multa. O bilhete custou 1,2 EUR. Compramos a passagem para Vicenza. Teríamos que trocar de trem em Padova, ou seja, havia dois bilhetes, um de Firenze até Padova (17,5 EUR) e outro de Padova até Vicenza (5,8 EUR). Mas correu tudo bem. 


Foto 1:  Florença vista do alto do giardino di Boboli dentro do Palazzo Pitti
Foto 2: A fachada do Duomo de Florença
Foto 3: O Davi di Michelangelo Em frente ao Palazzo Vecchio
Foto 4: Hércules e Caco em frente ao Palazzo Vecchio
Foto 5: Ponte Vecchio e o rio Arno
 
Foto 6: Anfiteatro do Jardim de Boboli 
Foto 7: Vitrine de Panini, Calzone e pizzas da lanchonete que encontramos 
Foto 8: Pintura por dentro do Duomo de Florença

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